quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dilma: "A rede dos Pontos de Cultura será ampliada"

"Diferentemente do modelo da "Industria Criativa" que através de museus articulam produção e consumo, Pontos de Cultura são uma política pública polinizadora que rima produzir com resistir à expropriação do comum. Pontos de cultura são laboratórios ecológicos - mas no sentido de uma ecologia mental, social e ambiental - que produzem diferença. "
                             (trecho do Manifesto de apoio a Candidatura a Deputado Federal Célio Turino no Rio de Janeiro assinado por intelectuais da Universidade Nômade)


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Carta ao Presidente Lula e à Sra. Dilma Rousseff

Os atentados terroristas deste Setembro de 2010
                                                                por Mauro Carrara (em nome de muitos, muitos brasileiros)

Senhor presidente, senhora candidata,

Certa vez, ao perceber o limite da tolerância ultrapassado, o diplomata italiano Baldassare Castiglione pronunciou uma frase que incomodou seus colegas e o episcopado romano.
– Perdoando demasiadamente aos que cometem faltas, fazemos uma injustiça contra os que não as cometem.
Baseado nessa sentença, séculos depois, o escritor Émile Zolá escreveu no L’Aurore o célebre artigo J’accuse (Eu acuso), em que aponta os poderosos conspiradores e malfeitores que haviam destruído a reputação e a vida do capitão do exército francês Alfred Dreyfus, injustamente acusado e condenado por traição.
Em seu ácido, duro e brilhante texto, Zolá denuncia cada um dos responsáveis pela produção de falsas provas, assim como a parcela da imprensa que se empenhou em iludir o público e incitar o ódio contra o militar e seus defensores.
O escritor ergue o dedo na direção dos veículos de comunicação que se juntaram à conspiração. Vale recordar o trecho:
– Eu acuso os gabinetes de guerra de terem liderado na imprensa, particularmente no L’Éclair e no L’Écho de Paris, uma campanha abominável para distrair a opinião e encobrir seus erros.
Hoje, no Brasil, assistimos atônitos a uma série de atentados terroristas praticados pela mídia, mais especificamente pelas Organizações Globo, pela Editora Abril (sobretudo por meio da revista Veja), pela Folha de S. Paulo e pelos veículos do Grupo Estado.
Por conta de interesses eleitorais, esses veículos de comunicação converteram-se em núcleos de terrorismo organizado, servindo especialmente aos partidos neoconservadores, o PSDB, de José Serra, e o DEM.
Liderados pelo Instituto Millenium praticam diariamente atentados contra a Democracia e o Estado de Direito.
Caluniam, difamam, injuriam e praticam fraudes, sempre impunemente, sempre arrogantemente, sem que se sejam alcançados pelo braço da lei.
Infelizmente, não há policial, promotor ou magistrado que se ocupe de enquadrar essas gangues e os grupos econômicos que as sustentam.
O cidadão está só, indefeso, pois não vê qualquer reação dos tribunais regulares, da tendenciosa justiça eleitoral, tampouco do Executivo Federal.
Dessa forma, o consórcio Globo-Abril-Folha-Estado segue agredindo barbaramente não somente os bons valores e princípios, mas também todos aqueles que lutam para consolidar a democracia no Brasil.
A seleção maliciosa de temas e a edição criminosa dos textos jornalísticos têm marcado a cobertura das Eleições 2010.
O golpismo irrompe explícito em todos os conteúdos políticos publicados pelas famílias Marinho, Frias, Mesquita e Civita.
Depois da criação do factoide que envolve a Receita Federal, o “Setembro de Fogo” ganhou mais um crime da lavra do “jornalista” Diego Escosteguy, funcionário do panfleto terrorista da família Civita.
Convém lembrar que o mesmo elemento publicou em 28/01/2006 a reportagem “Caixa financia obra da Vila Panamericana sem licitação”, um peça de sabotagem política construída a partir de dados incorretos, incompletos e fantasiosos.
Diego Escosteguy e muitos de seus colegas do bando de Veja deveriam, na verdade, ocupar celas em prisões de segurança máxima, considerada a natureza destrutiva e criminosa do material contaminado que disseminam, semanalmente, para envenenar as relações sociais em nosso país.
Em seu mais recente crime, Veja e Escosteguy mentem, caluniam, difamam, adulteram fatos e agridem covardemente a Sra. Erenice Guerra, funcionária dedicada do Governo Federal, reconhecida por sua competência e reta conduta.
A “reportagem” denominada “O polvo no poder” constitui-se em inacreditável coleção de mentiras, exageros, deduções ilógicas, deturpações e invenções maliciosas, uma bomba midiática destinada a destruir reputações e estimular os setores mais reacionários da sociedade à prática de delitos que rompam a ordem institucional.
O Sr. Leonel de Moura Brizola nos ofereceu inúmeros exemplos de coragem e determinação, especialmente no que tange às ações de combate aos terroristas midiáticos do consórcio Globo-Abril-Folha-Estado.
Nós o vimos lutando bravamente, por exemplo, quando as Organizações Globo tentaram fraudar o resultado da eleição de 1982, no famoso Escândalo Pronconsult.
Cabe-vos, portanto, neste momento decisivo da vida nacional copiar esse modelo de conduta e liderar sem medo uma ação de cidadania que vise a coibir tais ações terroristas e encaminhar juridicamente o enquadramento não somente dos falsos jornalistas, mas também de seus capatazes e dos donos dos latifúndios midiáticos.
Isso requer de vossa parte um imediato J’accuse público de figuras nefastas como Ali Kamel, Eurípedes Alcântara, José Roberto Guzzo, Mario Sabino, Roberto Irineu Marinho, Ruy Mesquita e Otávio Frias Filho.
Ao nomear os mandantes e autores do terrorismo midiático, vacina-se a população brasileira contra a vírus da desinformação.
Além disso, constitui-se precedente para que todos os cidadãos prejudicados pelo consórcio midiático possam engendrar suas defesas e exigir a devida reparação.
Não existe democracia sem que o Direito e a Justiça sejam observados também no labor da informação pública.
Hoje, esse serviço de máxima importância estratégica para o país está controlado por uma malta de coronéis e bandoleiros contratados, cujos crimes têm sido vergonhosamente desconsiderados pelas autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Exige-se uma resposta imediata, vigorosa e esclarecedora. E certamente é vossa a voz que o povo ouvirá.

Fonte: www.viomundo.com.br

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DILMA E LULA AO VIVO EM BELÉM DO PARÁ

O setembro da direita ainda não terminou

Por Marcelo Salles, do Blog O escrivinhador

A direita brasileira, cujo ícone maior são as corporações de mídia e os partidos PSDB e DEM, tem uma estratégia bem traçada para setembro: atacar o PT, o governo e Dilma. Se pudéssemos dividir o mês em três partes, diria que os dez primeiros dias foram dedicados a atacar o PT (acusação quebra de sigilos), os dez dias seguintes para atacar a Casa Civil (acusação tráfico de influência) e, no último terço do mês, o ciclo deve se fechar com ataques centrados diretamente na figura da candidata Dilma (acusação de terrorismo e, quiçá, assassinato enquanto resistia à ditadura de 1964). 
Nos vinte primeiros dias de setembro, busca-se atingir a imagem do governo e do PT. A acusação de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra e o suposto tráfico de influência na Casa Civil servem para questionar a capacidade de gestão do Partido dos Trabalhadores, bem como a de sua candidata. Seria o aparelhamento do Estado. A mensagem está na esfera do racional. Pode não derrubar votos de imediato, mas produz um estoque que será usado mais adiante, pouco importando se as acusações são caluniosas. O que importa é que o fato político está criado e presente no horário nobre dos telejornais.
No terceiro momento, as acusações deverão se voltar diretamente à Dilma. Não haverá tempo para construir pontes entre o filho de uma ex-assessora e Dilma. Ela será o alvo primário, pouco importando, novamente, se as denúncias serão consistentes ou não. O corajoso passado de Dilma, que enfrentou ao lado de milhares de brasileiros uma ditadura sanguinária, sustentada pelas corporações capitalistas e pelo governo dos Estados Unidos, será transformado pela direita brasileira em ato criminoso. Dilma será apresentada ao povo como uma mulher impiedosa, capaz até de matar para transformar o Brasil numa ditadura comunista. Ela seria, por este raciocínio, a chefe suprema do Estado aparelhado. Os impactos eleitorais de uma mensagem como essa são imprevisíveis.
O terceiro momento, ao contrário dos anteriores, é marcado por forte carga emocional. É aí que a direita espera conseguir os votos necessários para chegar ao segundo turno. E quando o eleitor está diante da urna, sozinho, a emoção fala mais alto. Se essa estratégia será bem sucedida ou não, só o tempo dirá. Mas o fato concreto é que a vitória de Dilma no primeiro turno não está assegurada, como muitos estão dizendo. O setembro da direita ainda não terminou.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O papel do PT

Enviado  por Valter Pomar e escrito Wladimir Pomar
  
 É evidente que não são apenas candidatos do PT que, movidos pela euforia da provável vitória da sua candidata à presidência, esquecem de falar dela e se voltam apenas para a promoção de sua própria candidatura. Candidatos de outros partidos coligados também o fazem, embora haja aqueles que fazem questão de associar-se ao nome e à figura da candidata do PT.Mas o PT talvez não possa dar-se ao luxo de permitir que seja seguido pelo exemplo negativo. Se tal postura se disseminar, como já afirmamos em outros comentários, as conseqüências podem ser desastrosas, apesar da crise em que se encontra a candidatura Serra. O problema desse partido consiste em que a grande mídia ainda não desistiu de derrotá-lo, nem à sua candidata. A grande  imprensa possui um arsenal, impossível de subestimar, e pode aproveitar-se de qualquer descompasso de candidatos petistas na promoção, ou falta de promoção, da candidata do PT à presidência.

A grande mídia, ou o quarto poder da República, por um lado, continua tentando criar um fato político de repercussão, que reviva trapalhadas do tipo "aloprados", e freie a tendência de crescimento da candidata petista. O suposto vazamento, pela Receita Federal, de dados sigilosos de pessoas ligadas a Serra está dentro dessa busca desesperada para reverter tendência principal da disputa. 
Por outro lado, esse quarto poder continua operando para forçar um segundo turno, abrindo ainda mais espaço para Marina e demais candidatos da oposição de esquerda, que divulgam a idéia de que Dilma e o PT estão a serviço do grande capital. Em linha paralela e contrária a esta, regurgita a idéia, ainda presente em alguns poucos setores do próprio PT, de que a grande aliança histórica desse partido deveria ser com o PSDB. Com isso, procura desqualificar a aliança com o PMDB e criar uma cunha na coligação. Ou seja, a grande mídia opera por todos os flancos no sentido de introduzir dúvidas e reduzir o ímpeto da campanha presidencial do PT. Ela parece ter claro que a atual disputa presidencial pode ser o acerto final de contas com a herança nefasta de FHC. O que parece não estar suficientemente evidente para segmentos consideráveis do próprio PT, nem para alguns de seus aliados e adversários. 
Este é um dos motivos pelos quais a campanha presidencial do PT apresenta limites que não pode transpor, sob pena de perder apoios no processo eleitoral. O que impõe à campanha uma certa posição defensiva em questões polêmicas e discrepantes na coligação. Por outro parte, para a maior parte da população brasileira, para aquela massa que vivia enjeitada e abandonada, e para a qual as políticas implementadas pelo governo Lula passaram a representar uma esperança de mudança real, a possível vitória da candidatura Dilma apresenta uma expectativa que vai além da simples continuidade do governo Lula. Essa maioria da população e do eleitorado quer um governo que chegue ainda mais perto de suas esperanças e expectativas. Não é por acaso que Serra, mesmo não tendo legitimidade para isso, tenha se esforçado para convencer de que faria muito mais. Como não é por acaso que o próprio Lula tem declarado que uma das tarefas que está se impondo, após passar o governo, será  batalhar pela reforma política. Essa situação também impõe à candidatura Dilma uma posição ofensiva em questões que dizem respeito ao futuro das grandes massas populares, do país e da própria América do Sul, sob pena de também perder apoios se não tiver posição definida a respeito delas. Nessas condições, se a candidatura Dilma não exercer uma combinação adequada entre seus limites, no âmbito da coligação política, e suas necessidades, no âmbito das demandas democráticas e populares, ela poderá ter dificuldade em responder adequadamente ao fogo adversário e continuar ampliando seu potencial de votos.
O desgaste da candidatura Serra, tanto pelas promessas populistas de fazer tudo em toda parte, quanto pelo reacionarismo demonstrado numa série de temas econômicos, sociais e mesmo de diplomacia externa, é evidente. Mas seria ilusão supor que, apesar disso, a grande mídia vai abandonar os temas polêmicos e evitar colocá-los em debate. Talvez ocorra justamente o oposto. Isto é, quanto mais a candidatura Serra afundar, mais ferrenha e violenta pode se tornar a campanha do quarto poder. Este teste, aparentemente, será um teste da candidata e da sua coordenação coligada. Na verdade, porém, será principalmente um teste que colocará em pauta o papel do PT e de sua direção como principal partido na disputa. Se ele não entender isso, poderá sair enfraquecido, mesmo que Dilma vença no primeiro turno. A política, como a vida, se move à base de contradições. E há indícios de que essa é uma das presentes na atual campanha eleitoral.
  

*Wladimir Pomar é escritor e analista político.*